Por Thamires Torraca
Fonte: Artigo publicado no portal Mais que Direito, em 13/06/24.
A Inteligência Artificial (IA) tem movimentado os setores jurídicos há um tempo, seja pela forma como os advogados exercem suas atividades, como os serviços jurídicos estão sendo prestados ou pelo acesso ao judiciário.
Apesar dos desafios, a transformação digital trouxe diversos benefícios aos setores jurídicos. Por exemplo, nos escritórios que prezam por padronização, rapidez e qualidade, a IA tem demonstrado boas condições de atender tais demandas, respondendo adequadamente tais questões num tempo reduzido e com maior assertividade.
A tecnologia tem desempenhado um grande papel no mundo jurídico, como a utilização da Inteligência Artificial para automação de tarefas repetitivas, revisão de contratos, análise de provas, a Blockchain que cria contratos inteligentes, imutáveis e altamente seguros.
Novas ferramentas
Outro exemplo é o Big Data, que ajuda a analisar grandes quantidades de informações, descobrir padrões e insights que podem ajudar nos casos. O E-discovery, por sua vez, pode encontrar e gerenciar informações eletrônicas relevantes em processos judiciais, reduzindo o tempo e o custo envolvidos na tarefa.
Além destas, temos a Realidade Virtual (VR), que está sendo utilizada além dos videogames, para recriar cenas de crimes e acidentes, permitindo que advogados e juízes tenham uma melhor compreensão dos eventos. Por fim, a Assistente Virtual pode ser utilizada para tarefas rotineiras como preencher formulários e fornecer informações aos clientes.
O STF é um exemplo de órgão jurídico que utiliza inteligência artificial há um tempo, com o robô Victor, que está na ativa desde 2017 para análise de temas de repercussão geral. A Rafa, desenvolvida para integrar a Agenda 2030 da ONU ao STF, é utilizada para classificar as ações com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas. Ainda há o mais novo robô, a VitórIA, que agrupa processos por similaridade de texto.
É inegável o quanto as inovações tecnológicas afetaram o cotidiano dos advogados e do judiciário. O exemplo mais recente disso é o uso do ChatGPT, que após recente atualização, permitiu a customização e adaptação das informações ao perfil do usuário.
Benefícios
Este novo aliado ao universo jurídico trouxe inúmeros benefícios para advogados e escritórios de advocacia, contribuindo na pesquisa minuciosa de precedentes judiciais, elaboração mais cuidadosa de documentos, pareceres, contratos e petições.
O uso destas ferramentas pode ajudar a otimizar tempo e aumentar a produtividade dos profissionais, pois gera textos jurídicos precisos, potencializa a pesquisa nas doutrinas e legislações, compara leis, jurisprudências de diversos países, fornecendo uma maior compreensão para diversos casos.
Claro, tudo isso deve ser feito com a inclusão de palavras-chave relacionadas ao tema, especificação da fonte desejada, como artigos acadêmicos, textos de lei ou jurisprudência, o período que se deseja procurar. Tudo isso garantirá um bom texto, atualizado e alinhado com as necessidades individuais dos advogados e escritórios.
Com o uso da tecnologia, é possível ter acesso a informações mais precisas, detalhadas, automatizar tarefas repetitivas, aumentar a eficiência, qualidade e a produtividade, liberando mais tempo para processos mais estratégicos.
Além disso, o uso das plataformas digitais e redes sociais deixou o relacionamento com o cliente mais eficiente e rápido, possibilitando que os escritórios alcancem novos clientes e mercados.
A tecnologia e a Inteligência Artificial têm o potencial para tornar a advocacia mais eficiente e acessível, não para substituir o advogado com seu conhecimento jurídico e expertise que a máquina não vai dominar, principalmente em situações que exigem conexões interpessoais e emocionais.
Essas opções vêm apenas para aprimorar o trabalho e possibilitar uma melhor gestão no tempo e processos, permitindo uma melhor eficiência e redução de custos e tempo.
Assim, cabe ao advogado não só dominar as habilidades técnicas para a prática jurídica, mas também estar apto para utilizar as novas ferramentas digitais e aprimorar seu trabalho.